Dizem que o tempo é senhor da razão. Mas em tempos de redes sociais, o espetáculo substituiu o silêncio, e há quem viva para aparecer — mesmo que a custo de sua própria coerência. Publicações patrocinadas por blogueiros de reputação, digamos, altamente contestável, viraram moeda de troca de vaidade. Mas a lei da reciprocidade, essa sim, é silenciosa... e implacável. 5q4m14
Afinal, quem a tempo demais tentando brilhar, esquecendo que nem tudo o que reluz é ouro, uma hora se vê diante do reflexo: um reflexo que não perdoa maquiagem ideológica nem photoshop de caráter. Trair o partido, os companheiros, a ideologia ou a memória do próprio discurso é mais comum do que se imagina. Mas como já dizia Ulisses Guimarães — com a coragem de poucos —, “traidor da Pátria é o traidor da Constituição”. E nesse reality show da política, o Big Brother do destino está sempre de olho.
É nesse momento, quando o telão se acende e os holofotes já não são favoráveis, que as folhas amareladas do ado começam a voar pelo vento da justiça — ou da revelação. E aí tudo vem à tona: uma verba prometida para o Japão que não voltou nem como sushi; um estelionato antigo que muitos juravam esquecido; ou aquela porcentagem a mais, sorrateiramente arrancada das aposentadorias sofridas dos velhinhos, como quem arranca migalhas de quem já não tem dentes.
A reciprocidade política, meus caros, não precisa de tribunal para julgar — ela apenas espera o tempo certo. Porque quem planta espetáculo, cedo ou tarde colhe vergonha.
E quando a máscara cai, o silêncio do povo costuma ser o mais barulhento de todos.